A Rosacruz e Portugal

 

Primeira Parte

Antes da Formação de Portugal

 

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CAPÍTULO I

AS ORIGENS REMOTAS DA ROSACRUZ

 

Os Filhos de Caim

 

Embora não exista uma única linha do original do Antigo Testamento; ainda que o idioma usado tenha sido o hebreu antigo em que as palavras estavam unidas umas às outras, havendo o costume de omitir as vogais; não obstante, no actual, a primeira letra do seu alfabeto, Alef, A, também poder ser qualquer uma das restantes (e,i,o,u); como a 16ª , Ayin, E; embora as traduções são o que são; apesar dele não ser um livro aberto, está cheio de alegorias, mitos, símbolos; contudo, entre as “conchas”, está oculta profunda sabedoria, luz cristalina e libertadora.

No caso em análise, os Filhos de Caim, eis a representação simbólica de todos os Egos que encerram inclinação para as artes e ofícios, para as ciências. Por isso, Caim era agricultor. Por sua vez, Abel era pastor. Assim, desde o início surge uma divisão entre os seres humanos; uns inclinam-se para a actividade artística e científica; outros, para a oração, para o sacerdócio.

Em Génesis, podemos ver que, na descendência de Caim, Jubal é o pai dos músicos; enquanto Tubal-Caim é o pai dos que fabricam os instrumentos de cobre e ferro. Da descendência de Set, novo filho de Adão e de Eva, para substituir Abel, morto por Caim, temos, então, os que se dedicam ao sacerdócio.

Na lenda maçónica, Eva uniu-se ao marciano Samael o qual foi expulso por Javé, antes do nascimento de Caim, por isso, este é chamado: o filho da viúva. Javé cria Adão que casa com Eva de cuja união nasce Abel.

Caim mata Abel, mas tal como no texto bíblico, Adão conheceu Eva de novo e gerou Set.

Face ao exposto há os que seguem o intelecto; outros, a Fé; aqueles dedicam-se às artes e ofícios; um dos filhos de Caim, Matusalém, dedica-se à escrita; os outros dois já focados estão ligados às artes e às ciências.

Ao longo de miríades de anos assim temos evoluído, havendo algumas tentativas para unir estes dois ramos na Unidade da Vida: a principal, no Templo de Salomão, em que este descendente de Set pede ajuda de Hirão Abiff, o filho da viúva, para edificar um templo em honra de Javé. Só que a Rainha de Sabá, símbolo da complicada alma humana, acaba por frustrar esta tentativa.

No futuro, ambos os ramos unir-se-ão na Fraternidade Universal, em que os descendentes de Caim farão a ponte entre a mente e o coração e os de Abel, entre o coração e a mente, o que tem vindo a suceder em alguns Egos.

No final da frustração, Hirão recebe um novo malhete, no lugar do martelo, necessário para os ofícios, e uma nova palavra.

Mais tarde, renasce como Lázaro, S. João Evangelista, o apóstolo amado de Cristo, verificando que o malhete estava transmutado numa cruz e que o disco, onde estava a palavra, era, agora, uma rosa; assim, surge o símbolo Rosacruz.
Hirão passará a ser conhecido pelo nome de Christian Rosenkreuz, fundador da Ordem Rosacruz, com a missão de ajudar a construir os templos internos por meio da união entre a mente e o coração.

 

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O Templo de Salomão

O que sabemos deste Templo algo misterioso? Onde estão os seus vestígios? Em sintonia com o método socrático, quantas perguntas podemos fazer?

No Primeiro Livro dos Reis, que nos narra a vida de Salomão, há dados sobre a construção deste Templo. O capítulo 5 foca a aliança de Salomão com Hirão, Rei de Tiro, a fim de ser possível a construção desse Templo; com Ele vêm os mestres construtores fenícios.

A sua edificação foi iniciada, no ano 480, (4+8+0= 12) logo a seguir à saída dos filhos de Israel do Egipto. Estamos perante vários símbolos, desde o nº 12, igual aos 12 signos do Zodíaco, sistema solar, e Egipto que simboliza os meses de Inverno. Portanto, sucedeu quando o Sol entrava em Áries, no mês de Ziv, (1) o segundo mês do ano. (I Reis, 6,1)

À entrada do templo, surgem Querubins, segurando uma flor, o que nos comunica que será necessária a pureza para nele entrar. A flor que melhor simboliza o puro amor é a rosa.


1) Zive era o 2º mês no calendário hebraico, no período pré-exílico, tomou o nome de Siwãn, no pós- exílico; na actualidade, é o mês de Abril.

Eis a questão: seria um templo material ou espiritual? A resposta é que era e é um templo místico, que deve ser edificado, no interior de cada ser humano, por meio de serviço amoroso nas 12 casas do horóscopo sob as influências cósmicas das 12 Hierarquias Divinas. Quanto às divisões do Templo podemos analisá-las como algo interno, sublime e sagrado, como podemos ver uma edificação que serve para adorar a Deus.

Uma coisa é certa, estamos perante algo que nos conduz a trilhar o caminho recto e ascensional do Iniciado, que vai desde a purificação, passando pela consagração a uma vida de serviço, até à libertação do espírito (1, Unidade), da cruz da matéria, a qual está ligada aos 4 elementos, água, ar, fogo e terra, o que somado dá 5, igual a 1+4.

Por sua vez, o Palácio de Salomão foi construído em 7 dias, ou seja, a edificação do  nosso Templo Interno com capacidades omniconscientes e omniscientes necessita de aprendizagem  ao longo de 7 Períodos, os 7 Dias do texto bíblico, que, na Escola Rosacruz, ensinamentos de Max Heindel, têm os nomes: Saturno, Solar, Lunar, Terrestre (em que nos encontramos), Júpiter, Vénus e Vulcano, os vindouros. Ao longo deles, involuímos desde espíritos virginais, parte do Absoluto, e evoluímos até deuses criadores com capacidades para, a seu tempo, edificarmos um novo sistema solar no Universo em expansão, que é finito, o qual é manifestação do Absoluto, que é Infinito.

 

 

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Hirão Abiff

Salomão reencarnou em Jesus, o mais alto iniciado da onda de vida hominal, conhecido por nazareno, cuja Escola Iniciática está intimamente relacionada com a dos Nazireus, do hebraico nâzir, “ consagrar” a vida a Deus, como ainda com a dos Essénios (do hebraico, Essaioi, que quer dizer, terapeuta). José e Maria eram essénios e Jesus foi educado, entre eles, até aos 30 anos; a partir do Baptismo, Jesus Cristo, o mais alto Iniciado da onda de vida dos Arcanjos, o Filho.

Cristo com o Seu Amor e a Sua Luz é o caminho para a libertação, por Seu meio os filhos de Set e de Caim unir-se-ão na Fraternidade Universal.

Jesus continua trabalhando com as Igrejas para esse fim superior, como também com as correntes esotéricas, Ele é um Irmão Maior; por sua vez, o mais alto Iniciado, entre os descendentes de Caim, Hirão Habiff, que, como já sabemos, reencarnou em Lázaro, S. João Evangelista, Aquele a quem Cristo ordenou que ficasse até que Ele voltasse, (S. João, Cap. 22, Vers. 21) de novo veio ao mundo físico, no século XIII, Christian Rosenkreuz, fundando a Ordem Rosacruz, constituída por 12 Irmãos Maiores, sendo Ele o 13º, tal como Cristo com os 12 apóstolos.

Mais tarde, reencarnou em Conde de Saint Germain que era capaz de comunicar em todos os idiomas, dado o Seu elevado estado evolutivo, união perfeita no Espírito Santo, tendo já renascido.

Graças a este Elevado Ego, a Humanidade tem recebido poderosas ajudas, especialmente no Ocidente. Quantos mais aderirem aos ensinamentos dos rosacruzes, melhor será a evolução dos seres humanos.

Nesta hora de grande confusão e de enorme egoísmo e materialismo se não fosse a ajuda valiosa dos Rosacruzes e de seus servidores, como de Jesus e acima de todos, de Cristo, a Terra poderia ter sido já reduzida a meteoritos!!!

 

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CAPÍTULO II

OS POVOS E AS SUAS CULTURAS

Dos Aborígenes aos Fenícios

 

Em Portugal, existem vestígios arqueológicos com mais de 300 000 anos, ou sejam desde meados da Época Ária, que terá começado há cerca de um milhão de anos. Esta seguiu-se à Época Atlântica que teve o seu apogeu onde agora é o oceano com o seu nome, submergido com os diversos dilúvios.

Noé, do hebraico nwh, que significa, descansar, representa a humanidade que evoluiu, sabendo adaptar os corpos às novas condições da Terra, onde o Sol passou a brilhar, daí o arco-íris, novo símbolo da aliança de Deus com a Humanidade. Anteriormente, a Terra estava envolta em densa neblina, os raios solares não conseguiam atravessá-la, os seres humanos respiravam por algo semelhante às brânquias.

Sobre os cultos mais antigos eles são mais ou menos idênticos em diversas zonas da Terra.

Contudo, na zona onde se formaram a Galiza e o Condado Portucalense, como em outras da Península Ibérica, desde muito cedo que os fenícios aqui se fixaram, os quais, com a sua rica cultura, mais ou menos hebraica, estabeleceram laços de intercâmbios com os povos que aqui já habitavam, a que podemos chamar de Pelasgos, vindos do mar, como outros, também eles oriundos do oceano… Da cultura fenícia existem várias provas como a de uma estela encontrada no sul do Baixo Alentejo, mais precisamente, em Almodôvar, que será do século VIII a. C..

Vemos, assim, que toda esta área da “ cabeça” da Europa recebeu fortes influências das culturas orientais, dos povos que criaram o alfabeto, grandes navegadores, comerciantes e investigadores, filhos de Caim, mais precisamente de Tubal.

A Península Ibérica há muito que tinha sido considerada como sendo dos povos descendentes de Tubal ! Ou seja, de seres humanos que se dedicavam mais às artes e aos ofícios, ao desenvolvimento do intelecto, contribuindo para a criação de uma cultura rica e libertadora.

Muitos topónimos desde Braga até Setúbal e outros têm suas origens no hebraico-fenício. Setúbal será mesmo a capital de Tubal, enquanto Braga será a localidade santa, virtuosa, do hebraico Beraka, como esclarece Moisés do Espírito Santo, no seu Dicionário Fenício-Português, edição do Instituto de Sociologia e Etnologia das Religiões da Universidade Nova de Lisboa.

Por sua vez, Héracles, romano Hércules, foi venerado no Promontório de Sagres, mito que viria a ser substituído pelo de S. Vicente.

Só que os mitos não são fábulas, ilusões, nem relatos algo lendários, ou conflitos do nosso inconsciente, eles são alegorias, ricas em simbolismo, em verdades ocultas. Como disse F. Pessoa, o mito é nada que é tudo. Por isso, a palavra símbolo veio do grego symbolon e este de syn-ballein, que quer dizer, associar, ligar. Portanto, eles servem para ligar, ou melhor, para religar, qual religião primitiva que busca a união com o Macrocosmo.

Analisando os topónimos em diversas zonas de Portugal e não só, vemos que a sua origem é hebraica, caso da aldeia onde nosso pai, nasceu, naquela que foi a sua última vinda ao Mundo Físico, Alagoa, freguesia de Vila Facaia, concelho de Pedrógão Grande, situada numa encosta duma montanha, prolongamento da serra da Lousã.

Dada a configuração do terreno, jamais a sua origem poderia ter sido uma lagoa; com efeito, este vocábulo deriva do hebraico com significado de local de culto, o qual seria feito, mais ou menos ao ar livre, no contacto com a Natureza, um riacho que ali passa, descendo a íngreme encosta, com o nome de Selada, outro topónimo hebraico, qual Tabernáculo do Deserto, viajando com os seres humanos, aqui e ali se fixando.

Também os gregos, século VII a.C.; os cartagineses; os romanos, século III a. C.;  os alanos, os visigodos, século V D.C.;  os moiros, século VIII D.C.; note-se que os moiros são berberes e não árabes, não confundir com a religião muçulmana, até porque há moiros cristãos e não só; contudo também os árabes, aqui estiveram, na sua maioria com elevada cultura, entre eles, os Sufistas, cujos ideais têm algumas semelhanças com os rosacrucianos, mais tarde vítimas de diversos fanatismos; e outros povos que aqui se fixaram, a história oficial foca os celtiberos como os Tartéssios, envoltos em mitos, estes referidos no texto bíblico em várias passagens tanto a Társis, neto de Benjamim, como a uma região à beira-mar que era rica em prata, em estanho, em ferro, metais que eram exportados para Tiro, no fundo, estamos falando dos fenícios, como dos seus parentes Turdetanos e Turdulos, tal como de diversos colonos indo-europeus, todos deixando marcas mais ou menos profundas.

No campo religioso, os lusitanos não tinham imagens, nem igrejas; o culto era praticado directamente junto à “ mater” natureza, num local assinalado por uma pedra, com estelas ou junto a árvores; estas sempre exerceram forte influência no subconsciente e no inconsciente dos seres humanos; ontem, como ainda hoje…

Porque este trabalho é muito condensado, apenas alguns dados são mais tratados. Passemos a outras influências.

 

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O Cristianismo Ariano

 

Como devemos procurar o bem em tudo, evitando críticas, mais ou menos emocionais ou fundamentalistas, quando consideramos algo, como heresia, só porque não está em sintonia com as nossas crenças, essa posição será reveladora de humanismo cristão?

Nós, seguidores de Cristo, ao longo destes dois mil anos, como temos actuado?

Na verdade, salvo raras excepções, estaremos seguindo a Luz e o Amor de Cristo, que tudo tolera, que não busca o seu interesse, que a todos ama, sejam quais forem as suas crenças ou etnias? Que cada qual responda, procurando ver a sua tranca…

Deve ter sido com os visigodos que o cristianismo ariano terá chegado à Península Ibérica, incluindo à região que, mais tarde, seria Portugal.

Uma coisa será certa, com todas estas numerosas culturas, povos diferentes, lutas fratricidas, mas também cruzamentos diversos, as bases para uma cultura universalista estava sendo fermentada, onde todos os credos e opiniões se interligam, rumo a uma civilização de profundo humanismo cristão.

 

 

Pia baptismal, do século V, cristã ariana, em formato de uma rosa com 4 pétalas e de uma cruz,

encontrada na zona Oeste de Portugal.

 

Neste rico simbolismo, estavam desejando aos que eram baptizados que a rosa, símbolo da virtude, da pureza e do amor, como da luz, brilhasse na cruz do neófito.

 

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Os Essénios ou Nazarenos e os Cabalistas Judeus e a Rosacruz

Os ideais, as concepções sobre a vida dos rosacrucianos têm raízes nas escolas citadas.

Estes povos judaicos muito cedo se fixaram nestas paragens, deixando as sementes da luz e do amor.

Analisando os cultos cristãos, entre nós, desde a Festa de Nossa Senhora das Rosas, em Vila Franca do Lima, Minho, até à de Nossa Senhora do Pranto, da Piedade, do Ó, da Oliveira, como de S. Bartolomeu e outros têm as suas origens no Oriente.

Entre os fenícios e os gregos terão vindo membros destas Escolas Iniciáticas até à parte mais Ocidental da Europa, com eles, os profetas, os terapeutas, os artesãos, os agricultores. Ver Números, Cap. 6, e outros dados, que, em parte, confirmam os elementos antropológicos sobre os lusitanos.

Aqui floriram, contribuindo para alicerçar a cultura lusíada de rico e libertador humanismo.

 

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O Monarquismo Galaico-Lusitano

Também esta área, as zonas da Galiza e da Lusitânia, recebeu um sistema monástico com raízes específicas universalistas.

Ao longo de vários séculos, o monaquismo livre e humanista desenvolveu-se por estas paragens.

Já no século VII, com S. Frutuoso, que foi bispo de Braga, houve toda uma dinâmica descentralizadora na criação de diversos conventos.

Com S. Rosendo, natural de Vila Nova de Gaia, onde nasceu em S. Miguel do Couto, em 907, fundador do Mosteiro de Cela Nova junto ao rio Lima, bispo de Santiago de Compostela e de Dume, é reforçada essa actividade que devia ser mais conhecida na nossa história como na universal.

Durante esses séculos muitos seguiram um sistema singular onde viviam irmãos de ambos os sexos, constituído por famílias, em espírito de fraternidade. Em boa parte estavam trilhando os caminhos dos primitivos cristãos, o regímen de comunhão de bens.

Por outro lado, era um meio de defesa contra os egoísmos e a usurpação dos bens que alguns senhores dos poderes efémeros sempre desenvolveram: o que é meu, é meu; o que é dos outros, é nosso…

Tudo aponta para que os monges que habitaram o norte, desde Leça a Rio Tinto,  na Pendorada e noutros locais, possuíssem uma cultura algo profunda desde as obras de Hugo de S. Victor, Eusébio de Cesareia, S. Jerónimo, S. Gregório, Santo Ambrósio, Santo Agostinho, incluindo autores da poesia oriental.

Entretanto, nos séculos X e XI, começam a exercer forte influência os ideais da Ordem de Cluny, na qual floriram monges construtores e o cristianismo rosacruciano, enfraquecendo a dinâmica carolíngia que existia.

Surgem os conventos e as igrejas no estilo pré românico e românico, desde o de Vilela, de Leça e o de Pendorada, dos quais ainda existem alguns monumentos.

 

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CAPÍTULO III

 OS CONDES DE PORTUCALE E O CONDADO PORTUCALENSE

 

Os Condes de Portucale

 

Embora com reduzida influência, mas tendo alguma importância para a criação do futuro país com o nome de Portugal, eis que, desde finais do século IX até meados do século XI, existiram vários condes da família de Vímara Peres, passando pela famosa Mumadona Dias, poderosa dama, casada com o conde galego D. Hermenegildo Gonçalves, fundadora dos mosteiros de S. Salvador e de Santa Maria, em Guimarães. Seu esposo teve contactos com o Mosteiro de Lorvão, perto de Coimbra, até Nuno Mendes, último descendente desta casa que viria a morrer na batalha de Pedroso, em 1071, derrotado pelo rei da Galiza.

O Condado Portucalense

Embora exista quem defenda a data de 1061 como da formação deste condado, porém, para nós e não só, este ganha força com a morte do rei Garcia, em 1091, em que os territórios de Portucale e de Coimbra passam a ser governados por D. Raimundo de Borgonha, casado com D. Urraca.

Por sua vez, D. Afonso VI, rei de Leão e Castela, em 1093, casa sua filha D. Teresa  com D. Henrique de Borgonha que, em 1095, passa a governar o Condado Portucalense.

As bases do futuro Portugal começam a ser criadas. Oriundos da Borgonha, com ligações consanguíneas a S. Hugo, grande impulsionador da Ordem de Cluny; a outros “ Varões ilustres”, com ligações aos ideais do puro cristianismo cátaro, trazem e recebem outras personalidades ligadas às artes, às letras. Assim, na corte do Condado Portucalense, os provençais, os construtores livres, os mensageiros de Deus, unidos aos que, neste torrão lusitano, já estavam irradiando a luz da sabedoria, tomam parte na criação de uma cultura universalista.

D. Henrique, ligando-se aos membros da Ordem de Cluny, exerceu uma política hábil, dando forais e organizando vilas, como a de Guimarães, onde fixa a sua habitação dentro do castelo, como dá foral a Coimbra no qual são regulamentados os deveres e os direitos dos seus habitantes.

Com a sua morte, em 1112, D. Teresa assume o poder do Condado, dada a menoridade do seu filho Afonso Henriques.

Toma algumas medidas positivas como a doação do castelo e das terras de Soure aos Templários; Vimeiro à Ordem de Cluny; mas, com as ligações ao conde galego Fernão Peres, acaba por perder as bases de apoio, levando à revolta dos portucalenses.

Seu filho, com 14 anos, 1125, é armado cavaleiro.

Face a vários condicionalismos, D. Afonso Henriques resolve estar do lado dos revoltosos que, sob seu comando, vencem os aliados de Dª Teresa e de Fernão Peres de Trava na batalha de S. Mamede, em 1128, mais precisamente, no dia de S. João Baptista, data ligada ao solstício do Verão, carregada de misticismo esotérico, como que indicando o nascimento de um reino independente com poderes libertadores e fraternos.

Com este acto, o Condado Portucalense ganha independência em relação à Galiza. Dª Teresa há algum tempo que se intitulava rainha, como também era reconhecida em seus territórios, seu filho seria chamado de rei, com mais sentido, a partir de 1139.

Com a dinâmica de conquistador, os territórios do Condado vão aumentando para sul, de vitória em vitória, com a ajuda de cavaleiros de diversas Ordens, entre as quais, dos Templários.

Coimbra era já a capital do novo reino, Portugal assim chama. A bula pontifícia de 1179, reconhecendo esta realidade, foi tão só um acto convencional, com algum valor jurídico, perante os factos já existentes e reconhecidos.

Ao longo do século XII, mais precisamente entre 1125 e 1150, várias Ordens religiosas se fixam no Condado Portucalense e em Portugal. Entre elas, os Templários, já focados, os Hospitaleiros, mais tarde, Cavaleiros de Rodes, os de Santiago, de Calatrava, a Ordem de Cister, os Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, ao lado das já existentes de Cluny e de S. Bento.

Também os eremitas e os cruzados são factores de renovação cultural no seu sentido mais lato.

Graças aos eremitas, os sentimentos de generosidade, de entusiasmo construtivo, empreendedor, é fomentado o serviço ao próximo, a defesa da justiça social, bases para uma sociedade mais altruísta e fraterna.

Tratou-se de uma missão de enorme valor para a construção da cultura lusíada, numa base de humanismo cristão.

Como, nas ordens citadas, viveram membros seguidores de Caim, carpinteiros, pedreiros, mestres construtores, músicos, agricultores, filósofos e até alquimistas, rosacrucianos, as condições renovadoras, citadas, foram fortificadas, como se alicerçaram as bases para voos futuros, rumo a novos mundos, para, a seu tempo, Portugal cumprir a sua missão que lhe está destinada, o messianismo do V Império, uma forte base para a construção da Fraternidade Universal.

 

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CAPÍTULO IV

SÍMBOLOS E MITOS ESOTÉRICOS

  

Ao longo deste vasto período, anterior à formação de Portugal, os mitos e os símbolos espalharam-se por todo o território. Uns, nos topónimos, muitos deles têm raízes hebraicas, fenícias; outros, nos cultos religiosos, mais tarde, adaptados pela Igreja Católica; outros, nos templos, em estelas, em obras de arte, ou os filhos de Caim não fossem os mestres nas artes e nos ofícios, até a sinais, siglas, símbolos, mais ou menos ocultos.

Já falámos sobre alguns deles.

Mas, quanto não estará perdido na Memória da Natureza, devido a diversos factores, desde o tempo que vai transmutando tudo o que é matéria, até à destruição por motivos de lutas, guerras, ou ainda devido a mentes fundamentalistas, a fanatismos de diversos quadrantes?

Percorremos o país desde Caminha até Vila Real de Santo António; diversos monumentos analisámos, como outras fontes, mas um, algo de menor valor, mas único, afastado apenas por 6 quilómetros de Castro Daire, só que andou-se por terra batida, em mau estado, era o ano de 1982, rumo à Ermida de Paiva. Aqui, chegados, apenas vimos um jovem casal alemão, silvas crescendo a seu redor e por cima, mas desfrutando de uma bela paisagem, convidativa à meditação, à contemplação. Ali estava o conhecido Templo das Siglas, para uns, sinais dos pedreiros, para outros, algo sem valor, mas para todos cheio de enigmas.

 

 

 

 

Foto do templo românico, parte de um convento dos frades agostinhos.

Sito na falda oeste da Serra do Montemuro.

 

 

Um dos sinais para validar os documentos, neste caso, feito pela rainha Teresa no período do Condado Portucalense.

 

Eis a rosa e a cruz, a rosa em formato de cruz, dupla, oito pontas, uma ligação, ao octógono, à iniciação, símbolos que surgem na Charola do Convento de Cristo em Tomar.

Este sinal é um dos testemunhos evidentes de como os ideais rosacrucianos estavam já difundidos no Condado Portucalense.

Também o culto ao arcanjo S. Miguel, do hebraico, mikã ~el , quem é como Deus”, patrono de Israel, de acordo com os relatos bíblicos, que acaba por ser o “protector da evolução” de Portugal, é prova da missão transcendental de Portugal. Daí as numerosas igrejas em sua honra, incluindo a que, segundo a tradição, D. Afonso Henriques foi baptizado, que ainda hoje existe em Guimarães.

No capítulo seguinte focar-se-ão mais elementos desta união espiritual, em que se analisarão dados à luz da cabala judaica e da cabala cristã.

Finalmente, focamos tão só a origem do topónimo Zambujeira dos Carros, con- celho do Bombarral. É mais um, entre centenas, em que se verifica que a sua origem está no fenício-hebraico.

É interessante investigar o nome do local onde está situada a Capela em honra de Nossa Senhora da Oliveira, para outros, de Silveira, desta hospitaleira localidade. Tem o nome de “Figueirinha Imperfeita Usufruto”!!! Este é o que consta na antiga matriz dos serviços de finanças, documentos que devem ser devidamente preservados em bons arquivos, sejam locais ou regionais, por ele vemos uma ligação a “ Fenicária”, terra dos fenícios-Cananeus, latinizado em figueira, como Figueiredo e outros nomes semelhantes.

Por sua vez, Zambujeira virá do fenício Thamuge, Thamuse, Zambujo, culto a Tamuz, com ligações ao Sol. Na mesma gruta onde a tradição diz que nasceu Jesus, S. Jerónimo afirmou que ali se chorava a morte de Adónis, que vem de Adonai, culto fenício e hebraico ligado à ressurreição.  Quanto a “ carros” deverá estar ligado ao hebraico karr, escavação, gruta; eis as grutas da Columbeira, outra progressiva localidade, muito próxima.

 

 

Imagem de S. Miguel Arcanjo, em Odrinhas, Sintra.

Suas vestes celestiais estão unidas por uma rosácea, sita no peito,

símbolo de puro amor.

 

A Rosacruz e Portugal

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