Natal e Ano Bom

A Virgem e o Deus Sol

JAKnapp

 

Estamos precisamente a meio daquela época do ano em que o Céu parece estar mais perto da Terra, e por este motivo os nossos corações propendem mais para a ternura, o amor e o perdão. Todos andamos muito mais sensíveis às influências espirituais e por isso mesmo esta parte do ano, que teve o seu início ao entrar o Sol no signo da Balança e terá o seu epílogo ao chegar o Astro-Rei ao signo do Carneiro, é a melhor para nos prepararmos espiritualmente pela cultura e pela devoção e, sobre tudo, pela Caridade, a maior das virtudes.

Tentaremos explicar a razão deste facto, descerrando o véu que nos impede a contemplação do que os nossos sentidos de percepção física não alcançam.

A festa do Natal vem de época que se perdeu na memória dos povos; mas alguns milhares de anos antes da nossa Era já ela se revestia de grande esplendor no Egipto, exactamente à meia-noite do dia em que o Sol deixava o signo do Sagitário e entrava no do Capricórnio.

Quando o cristianismo se estabeleceu como religião oficial, em todo o território do Império Romano, foram adoptados pelos cristãos alguns usos e costumes ligados a factos cósmicos ou astrológicos. E, assim, o Natal dos egípcios chegou até nós comemorando o mesmo acontecimento, mas consagrado a um novo Herói – Jesus Cristo.

No famoso templo de Mênfis, o sumo-sacerdote, à meia-noite precisa do dia de Natal, apresentava ao povo a imagem dum menino recém-nascido, o que despertava nos seus corações o maior regozijo. Isto dava a todos a certeza de que Hórus havia renascido mais uma vez para os libertar do enorme pesadelo do Inverno, que os ameaçava de perecer de frio e de fome.

Hórus era o Sol Nascente, o Sol que renascia ou voltava ao hemisfério Norte para reanimar a Natureza, produzir novos frutos de que os povos se alimentariam durante o ano que ia começar e que se prolongaria até ao próximo renascimento do Cristo Cósmico. Neste regresso viria cumprir a sua Divina Missão: manter vivos todos os seres existentes na Terra e impulsionar a sua evolução e aperfeiçoamento. E, assim, preparar-nos para o regresso ao seio do Criador.

No drama de Jesus há um ponto que não foi suficientemente esclarecido: o da fuga para o país dos faraós. Para esconder o Menino da fúria crudelíssima do rei Herodes, não era necessário ir tão longe, percorrer tão adustos caminhos e veredas, num desconforto tão grande. Alguma razão mais alta levaria o Anjo a lançar o seu aviso aos pais de Jesus.

Não foi por mero acaso que o Povo Eleito esteve longo tempo em cativeiro no Egipto e que ali nasceu o mais famoso legislador conhecido na história da humanidade pelo nome de Moisés. É que ali existia uma vasta organização Essénia muito antiga, onde se mantinham vivas as mais notáveis e tradicionais fontes de sabedoria sagrada. E, por este motivo, as vibrações espirituais eram muito mais adequadas ao desenvolvimento do Menino Jesus.

Cerca de setecentos anos antes, um Essénio, chamado Isaías, profetizou o nascimento de um menino que seria o Messias, e descreveu-nos o que seria a sua vida e a sua morte. Assim, os Essénios esperavam a vinda deste menino e sabiam do seu nascimento, não sendo de estranhar que tudo fizessem no sentido de o guardarem como se fora o seu mais caro tesouro.

Essénios eram José e Maria; e João, o Baptista, primo direito e precursor de Jesus, era Essénio também.

Na Palestina predominavam duas seitas importantes: os Saduceus, inteiramente materialistas, negando a sobrevivência do espírito e vivendo a vida pelo que nela há de mais baixo; e os Fariseus, pessoas que se preocupavam demasiado em “parecer” o que na realidade não eram, pois faziam da hipocrisia e do cinismo um uso tão exagerado que mais tarde Jesus os classificou como os sepulcros: “por fora caiados de branco; por dentro guardando podridões”. E, por este motivo, o ambiente da Palestina era inteiramente negativo para o desenvolvimento de um Grande Ser. Mas o do Egipto era inteiramente favorável e por esse motivo o Menino estaria ali no mais seguro e propício ambiente que necessitava.

Mas, afastemos um pouco mais o véu, esclareçamos um pouco mais.

O Sol físico tem como divindade directora o primeiro Arcanjo que atingiu a libertação, o primeiro dos Iniciados da sua Humanidade, por nós conhecido pelo nome de Cristo Cósmico, por ser Ele o Chefe espiritual do nosso sistema solar. E no Egipto praticava-se com a maior solenidade e desde tempo imemorial um culto esplendoroso a Esse Grande Ser, o Senhor do Sol, que foi representado em várias figuras e sob variados nomes.

A festa do Natal era dedicada inteiramente ao Arcanjo Solar ou Senhor do Sol, e tinha lugar – como ainda tem – quando o Sol inicia a sua marcha de regresso ao nosso hemisfério.

Terminaremos este artigo examinando o acontecimento que se comemora sob o nome de Natal à luz da Astrologia, visto que de um facto astrológico se trata, pois deste modo os nossos leitores ficarão mais conscientes e poderão comemorar mais sinceramente o Natal.

Devido aos movimentos da Terra, o Sol vai aparecendo, mês a mês, em cada um dos signos do Zodíaco – e primitivamente o mês tinha o seu começo ao entrar o Sol em cada signo. Então, a Terra é poderosamente influenciada pelas vibrações e irradiações do Astro-Rei misturadas com as das estrelas e dos planetas existentes nesses lugares do Céu. Assim, quando o Sol entra no signo do Caranguejo, deixa de declinar, de marchar para o hemisfério Norte, e logo inicia o movimento contrário, de regresso ao hemisfério Sul. Por este motivo os dias vão começar a crescer no hemisfério Norte – e ao contrário no hemisfério Sul. Este fenómeno tem lugar cerca do fim de Junho, quando o Sol está no mais alto do Céu para nós, e no mais baixo para os povos do hemisfério Sul.

Quando o Sol está no ponto mais alto a que pode ascender, os seus raios físicos são quentes, e os raios espirituais mais débeis, porque os raios crísticos projectam-se de modo diferente. Quando o raio físico, luminoso e quente vem mais perpendicularmente, o raio espiritual vem até nós mais obliquamente. O raio perpendicular do Sol físico aquece e desperta os seres humanos para as actividades materiais, deixando as do espírito em plano secundário. Quando este raio é mais oblíquo, nesta quadra do ano, as actividades materiais são menos potentes, há menos tendência para as coisas materiais, porque o sangue dos nossos corpos é impelido para o interior. Mas neste mesmo tempo o raio espiritual é mais potente, porque vem sobre nós do ponto mais elevado do Céu. Por este motivo os seres humanos sentem-se mais inclinados à piedade, à complacência e às actividades espirituais, porque nesse tempo o Céu está “mais perto da Terra”, quer dizer, que o raio crístico é mais perpendicular e sobre nós exerce maior acção espiritualizadora. Isto mostra-nos quão maravilhosamente foi traçado o Plano Divino. E assim, para que não nos cansemos de viver neste mundo, o Grande Espírito Solar ministra-nos as coisas sabiamente, alternando sempre o que chamamos bom e mau, o triste com o alegre, o escuro com o claro, etc., e deste modo vamos avançando da imperfeição para a Perfeição, até que algum dia atingiremos a meta e, então, seremos Deuses.

O signo do Sagitário, que os antigos descreveram na figura de um Centauro, metade cavalo e metade homem, fala-nos da época em que nós deixaremos a ilusão dos prazeres terrenos e nos voltaremos definitivamente para os do Céu, ao qual o Centauro aponta as suas setas. Capricórnio fala-nos do caminho estreito que leva às coisas divinas, e o qual é feito de renúncias conscientes, voluntárias, que não possam prejudicar a saúde nem o crescimento anímico. Por isso mesmo, ao sair do Sagitário e entrar no do Capricórnio, o Sol inicia a sua marcha para o nosso hemisfério, dando começo ao Ano Novo que todos esperamos como se fora uma promessa de felicidade. Por este motivo, depois do Natal festeja-se o começo do ano. E chama-se-lhe Ano Bom pelo desejo que todos acalentamos, de que na realidade ele nos traga maior felicidade do que o anterior, de que seja um verdadeiro Ano Bom.

Francisco Marques Rodrigues


 

" Eu sou a luz do mundo;

quem me segue, de modo algum andará em trevas,

mas terá a luz da vida."

                                                                     João 8:12

 

 

Fraternidade Rosacruz de Portugal

Revista ROSACRUZ  - Publicação da Fraternidade Rosacruz de Portugal

 

 

HOME

LITERATURA

TEMAS ROSACRUZES

BIBLIOTECA ONLINE

FRANCISCO MARQUES RODRIGUES

 

[Home][Fundamentos][Atividades] [Literatura][Informações]

Fraternidade Rosacruz Max Heindel - Centro Autorizado do Rio de Janeiro

Rua Enes de Souza, 19 Tijuca,  Rio de Janeiro, R.J. Brasil  20521-210

Telefone celular:  (21) 9548-7397

rosacruzmhrio@gmail.com

 

Filiado a The Rosicrucian Fellowship

Mt. Ecclesia, Oceanside , CA, USA

 

Todas as Marcas referidas neste website são ou podem ser marcas comerciais registradas e protegidas

 

 

Arabic Bulgarian Deutsch Dutch English Español Finnish
Français Italiano Polish Português Rumanian Russian Svenska

 

"Paz na Terra e boa vontade entre os homens"

Alegria! Júbilo! É Natal!

Salve o Cristo Cósmico recém-nascido

Viva o Cristo recém-nascido

  

Interpretação Mística do Natal (24/25 DEZ)

por Max Heindel

 

  

Os Doze Dias Santos (26 DEZ a 06 JAN)

por Corinne Heline