A DIVINA ESSÊNCIA SEMPRE ILUMINA A ESCURIDÃO

Conferência em Três Partes Sobre a Morte e o Morrer

Por

Alexandra B. Porter, Ph. D.

 

PARTE 2 – O NASCIMENTO ESPIRITUAL

 

            Se vocês recordam, comecei a primeira parte desta conferência declarando que eu havia sido agraciada com um tesouro de conhecimentos, e que desejava compartilhá-lo com vocês todos. Agora vou fazê-lo, mas primeiro deixem-me dizer-lhes quando e como eu recebi tais informações, assim como suas relações com o tópico morte e morrer.

            No ano 2001, no meu aniversário – 11 de setembro – os Estados Unidos foram atacados com indescritível horror. Quando cheguei em casa vinda do trabalho naquela noite, minha reação imediata foi entrar no meu espaço particular em meu lar, onde oro, e então comecei a orar ali por seis membros de minha família que eu tinha a certeza de haverem sido mortos, e dez outros que viviam e trabalhavam nas vizinhanças do local do trágico e brutal ataque terrorista aos Estados Unidos. Naquele espaço pessoal e dentro do meu quarto particular, pedi em silêncio para que fosse derramada luz em nossas vidas. Eu queria saber das condições, do esquema, das coisas. E então, quando focalizei meu olhar no emblema da Rosacruz, numa fração de segundo vi o corpo de Jesus Cristo dirigindo um coro de anjos. Ali, postados no fundo do entulho, próximos, e circundando as torres gêmeas na cidade de New York, estavam trinta e dois anjos e Jesus Cristo. Notei de imediato que um cordão trançado de fios dourados emanava do coração de Jesus-Cristo. De minha vantajosa posição pude ver que, de três em três metros, ele perfurava o coração de um dos anjos, atravessando-o e criando assim uma corrente angelical que se estendia ao longo de muitos quilômetros de cordão de ouro trançado.

            Quando todas as Almas Celestiais foram erguidas do chão, Jesus-Cristo começou a andar para frente, e todos também o seguiram em fila única. Dentro de segundos, literalmente, milhares de Almas Celestiais tinham alcançado os céus. Então, quando o cordão trançado de fios dourados chegou ao fim e eu via doze dos membros de minha família entrarem no Plano Celestial, senti uma como que punhalada – um punhal muito agudo dentro do meu próprio coração. Minha recordação daquele momento é assombrosa, e me pergunto a mim mesma se estive presa ao cordão trançado de fios dourados o tempo todo. Hoje, passado já quase onze meses, e a qualquer hora, ainda posso sentir a tremenda dor que senti no meu coração naquele particular instante.

            Muitas palavras eram ditas e muitas coisas aconteciam que eu não posso descrever claramente. Talvez deliberadamente eu bloqueava minha visão espiritual só para não ver os milhares de corpos mortos. Ou talvez fosse também por isso que eu deliberadamente bloqueava minha audição espiritual só para não ouvir os lamentos e mágoas de milhares de corpos mortos? Lembro-me apenas do tremor de minha própria voz, que clamava claramente por Jesus-Cristo. Durante aquele momento, eu não via nem ouvia nada, mas sentia a escuridão e algo que parecia ser um momento extremamente longo de profundos sofrimentos. Então, com minhas palavras e com a minha própria voz, eu “me” ouvi dizer: “Onde está a Vossa divina essência?” naquele momento uma luz clara começou a brilhar sobre mim e eu vi a face de Jesus. Com sua imagem veio a resposta à minha pergunta. Ele disse clara e distintamente: “Ilumine-se a escuridão”. Olhando então à minha volta, a última coisa que recordo foi ter visto e ouvido o colapso das Torres Gêmeas da cidade de New York. Isto eu vi de longe até me tornar consciente de que já havia entrado em outro ponto no espaço e no tempo.

            Quando me tornei totalmente consciente do meu novo ambiente, percebi que estava ligada ao cordão trançado de fios dourados (ou corrente dourada) e que os anjos iam depositando, ou deixando, grupos de Espíritos-Alma em certos reinos de vida a que se referiam como “esferas”. O grupo de anjos parecia estar nos conduzindo para diferentes estados de matéria. O objetivo deles era claramente duplo. Primeiro, eles queriam introduzir os Espíritos-Alma em seus novos corpos ou corpos originais. Em segundo lugar, os anjos queriam levá-los para um novo espaço no qual pudessem despender momentos focalizando o aperfeiçoamento deles próprios ainda mais.

            Com apenas uma exceção, cada vez que parávamos numa esfera específica um grupo de Espíritos-Alma e vários anjos eram deixados para trás. Antes de prosseguirem, a esfera e sua razão de ser eram identificadas. Como os anjos diziam, eu tinha a sensação de que eles estavam cientes de minha presença. Falavam como se eu fosse aluna deles. Seu comportamento me lembrava “I CORÍNTIOS 15:31”, em que Paulo disse: “Morro diariamente”, significando que ele estava apto para sair da forma física a qualquer hora, deixando-a no estado de “sono” ou “movimentação suspensa” enquanto viajava em plena consciência nos planos superiores. A percepção disso fez de mim uma melhor estudante de modo que, conscientemente, passei a prestar atenção aos mínimos detalhes.

            Como alguns de vocês já podem estar sabendo, existem conhecidas muitas camadas de esforço ou planos de expressão. Estes incluem o Astral Inferior, o Astral, e do primeiro ao quarto plano, os verdadeiros planos do Espírito.

            Existem sete planos astrais, sendo que cada um varia em densidade. Cada plano é habitado pelos Espíritos-Alma e, dependendo das vibrações dos seus corpos astrais, cada plano é mais refinado na medida em que se escala os degraus do progresso. Por sua vez cada um desses planos tem divisões chamadas zonas do tempo, ou esferas, que abrigam os Espíritos-Alma pertencentes àquele período de tempo.

            Relativamente à constituição social das “esferas”, crescimento mais intenso e aumento de atividade são as seis mais distinguidas como esferas espirituais. Cada uma é divida em seis círculos, ou sociedades, em que Espíritos afins, idênticos, são reunidos para subsistirem juntos sob a lei de afinidade. Aqui a Lei de Atração atua assim como uma relação familiar continua, onde cada membro Espírito-Alma busca iluminação na mesma Lei Cósmica. A Lei da Natureza, que é a suprema força, chamada de Lei Universal, tem que ser obedecida para que cada esfera possa ser alcançada. Todo indivíduo permanece no plano para o qual se adaptou até que sujeite a sua vontade à Lei Universal. Á medida que progride ele aprende novas leis mas estas são fundamentalmente as mesmas, apenas ficam mais intensas e vitais até que o Espírito-Alma se torne uma  parte da lei em si mesmo.

            Para mim as esferas assemelhavam-se a zonas concêntricas, ou círculos de matéria extremamente sutil abarcando a terra como faixas ou cinturões. Cada esfera tinha uma separação diferente das outras, e parecia serem reguladas por Leis Cósmicas fixas. Elas eram entidades absolutas, não projeções mentais sem forma, e eram tão tangíveis quanto os planetas do Sistema Solar ou o plano terreno sobre o qual habitamos. Tinham latitude, longitude e atmosfera de ar peculiarmente vitalizado. As correntes eram revigorantes, agradáveis, suaves e ondulantes. A superfície da zona tinha uma grande variedade de paisagens, algumas das quais eram as mais pitorescas. Disseram-me que cada giro das esferas sobre um mesmo eixo forma o mesmo ângulo da eclíptica; que cada esfera move-se com a Terra ao redor do Sol, ainda que não dependam desse Sol nem para luz nem para calor; que elas não recebem nenhum raio perceptível desta fonte: suas emanações de luz parecem vir de um sol etérico, que é concêntrico ao Sol da Terra; finalmente, que não há divisão de tempo em dias, semanas, meses e anos, nem mudanças de estações.

            É difícil entender-se onde estão essas esferas, mas existem muitas coisas com total dificuldade à compreensão. Instrumentos astronômicos mostram que há noventa e três milhões de milhas entre a Terra e o Sol, mas isso realmente não diz nada à mente, porque ninguém pode compreender tal distância. Sabemos que a velocidade da luz é a de cento e oitenta e seis mil milhas por segundo (186.000 milhas/segundos), mas o que significa essa velocidade se não podemos entendê-la, pois não há nada tangível com a qual se possa compará-la?

            Nosso atual conhecimento da eletricidade, do magnetismo, ou mesmo da gravidade é limitado, assim como o de todas as Leis da Natureza. Então, é de estranhar-se que alguém encontre dificuldades em apreciar o espaço e como é ele povoado? Este meu pensamento é livre, podendo agora mesmo viajar através do espaço, mas irá de olhos fechados, sem ouvir nenhum som, nem sentir qualquer toque. Contudo, ao morrer-se cada sentido é despertado, de maneira que toda vida que ocupa o espaço torna-se perceptível aos sentidos espirituais e tangível aos tato e cérebro espirituais. Posso então deduzir de  tudo isso que o espaço deve conter forma, substância, e realidade no mundo do pensamento.

            O que se segue é uma pequena porção do tesouro de informações com que me presentearam durante o tempo em que tive o privilégio de desfrutar a companhia de muitos e da presença de Jesus-Cristo.

            Geralmente a primeira esfera é onde deve ser feita a restituição. Nesta esfera inferior vê-se muito sofrimento entre aqueles que ainda se encontram apegados à Terra. Uma vez que se ocupam em corrigir os erros do passado, de modo geral, a maioria dos Espíritos-Alma aqui são “inquietos de consciência” (consciência pesada). Isto se deve em parte ao fato de que, na transferência, nosso Espírito-Alma não perde nada de sua inteligência, tampouco qualquer coisa é acrescentada ao seu entendimento. Assim, por exemplo, o doente mental sai da vida terreal ainda mentalmente doente. O Espírito-Alma que tenha saído insano da vida terrena receberá cuidados na primeira esfera. Dar-lhe-ão tratamento apropriado, de tal modo que sua mentalidade seja restaurada ao normal. Participações em acontecimentos como guerras ou ataques terroristas são exemplos de para quem precisamos fazer restituição. Ademais, qualquer inimizade, morte e destruição que causemos ao inimigo afeta a natureza grosseira do nosso eu inferior, e devemos sofrer as conseqüências desse comportamento. Por último, para o ignorante e o depravado, o átomo do bem que neles tem encontrado expressão é expandido e orientado.

            A segunda Esfera é a do ensino. É um período de estudo durante o qual o Espírito-Alma absorve conhecimento de si mesmo e da Lei Natural. A Lei de atração atua aqui, onde numerosos homens pensadores procuram descobrir as forças ocultas da natureza. Aqui nosso Espírito-Alma se instala para uma vida ampla e melhor. Aqui eles devem se livrar do fardo de qualquer malfeito. O objetivo é dispersar a escuridão de qualquer pecado cometido enquanto se achavam no corpo físico, bem como toda dívida contraída com o gênero humano. Eles trabalham com olhos claros e visão limpa, e ao terminar estão em paz com todos.

            Nesta esfera mostram-se às crianças como viver ideais espirituais. Muitas estão ali por efeito de guerras. As crianças que morrem com seus pais durante as guerras entram num período de transição, quando então se reúnem na esfera mais apropriada ao progresso de seus familiares. Ali também se encontram outras crianças, aquelas que não foram amadas na Terra e que agora experimentam o amor materno. No plano físico chamamos a essas crianças de “fracasso a vencer”. Quando uma criança morre antes dos seus pais, ela é conduzida a um processo de reeducação. Neste processo lhe é permitido voltar com um guardião ao plano terreno para observar o progresso de seus pais, para que, no tempo certo, a família seja reunida.

            A Terceira Esfera é onde nosso Espírito-Alma começa a ensinar aos que estão nas esferas inferiores. Aqui aqueles Espíritos-Alma que foram engenheiros são capazes de magnetizar nossos aposentos no plano físico. No processo podemos ouvir as freqüências de suas vibrações como vozes. Este não é um processo automático: deve-se pedir-lhes isso em oração. Também encontramos aqui mulheres que, quando na Terra, nunca casaram, ou se casaram e nunca tiveram filhos por uma ou outra razão. Essas mulheres podem ser encarregadas de cuidar de crianças ou ensinar outras mulheres o tema maternidade. Talvez elas pudessem ter sido grandes mães neste plano terreal, mas como as oportunidades lhe escaparam, seus desejos seguem-nas para outra vida.

            Na Quarta Esfera nosso Espírito-Alma se dedica a provas e tentações. Os Espíritos-Alma que habitam nesta Esfera são capazes de perceber nossos pensamentos amorosos. Mas embora não nos seja possível vê-los, eles nos visitam, deixando-nos às vezes suas marcas.

            Na Quinta Esfera nosso Espírito-Alma começa a trabalhar com a Verdade Espiritual. É aqui que o erro e a falsidade são conhecidos. O indivíduo virá a esta Esfera se falhou no momento crucial e assim anulou o bem que poderia ter feito. Somos guardiões do saber. Através de nossas investigações, aprendemos muitas coisas. Se em razão de nossa posição pudemos ter feito muito bem mas deixamos de fazê-lo, isso representou uma pedra de tropeço, e para que possamos progredir devemos nos tornar fortes em quaisquer áreas em que fomos fracos. É interessante notar que não há possibilidade de progresso após a morte para aquele que ocupou a posição de líder espiritual na terra, até que tenha procurado no seu plano todos aqueles que seguiram os seus ensinamentos e então os conduz à verdade. Além disso, ele deve se deter e esperar até que cheguem aqueles que ainda estão vivendo na terra para que seus erros sejam corrigidos o mais cedo possível. Propalar ensinos desconhecidos ou impraticáveis enquanto no plano terreno é algo muito grave. Isso viola uma lei cósmica e cria portanto uma dívida cármica para com a humanidade.

            Quando alcançámos a Sexta Esfera, notei que os Espíritos-Alma já estavam trabalhando em harmonia. Do nosso grupo, nenhum dos Espíritos ou qualquer anjo fora deixado nessa esfera, nem qualquer explicação fora dada. Concluo daí que talvez eu não tivesse a necessária experiência para compreender as razões da existência da Sexta Esfera. Talvez seja possível que essa Sexta Esfera fosse aquela em cujas leis cósmicas estou atualmente tentando me aperfeiçoar nesta vida.

            Finalmente na Sétima Esfera é onde o Espírito-Alma alcança o plano de exaltação e se torna UM com o Grande Espírito que rege o Universo. Aqui é para onde um iluminado Mestre deve ir para viver em uma condição de perfeita iluminação interna e felicidade. Nesta Esfera a palavra “iluminação” significa completo entendimento de todas as coisas sem modificações mentais. É mais fácil para os Espíritos-Alma na Sétima Esfera – que já avançaram para uma vida superior, mais pura – nos alcançar do que para aqueles em qualquer outra esfera. Contudo, os Espíritos-Alma na Sétima Esfera só nos alcançarão e contactarão em casos de emergência.

            Foi nos dito que, quando nosso Espírito-Alma vai de uma esfera para outra, ele também o faz através de uma mudança – a morte. Neste caso, à semelhança do que ocorre na morte física, o indivíduo é avisado de que a mudança está próxima e de que tem tempo para elevar sua mente a um plano superior de pensamento, pelo que ele ficará preparado para entrar na nova vida. Quando chega a hora, ele é posto a dormir com a mente fixa no pensamento de que vai se mudar. Quando chega esse momento, seu lar deixa de ser aquele entre seus amigos anteriores. O pensamento ajusta-o ao progresso, e quando o pensamento que o manteve preso no plano inferior  cessa, a corporificação daquele Espírito-Alma que foi mantida junta pelo seu pensamento, deixa de ser visível. A esta altura, o indivíduo simplesmente cessa de ser habitante de uma esfera e, de repente, se torna habitante de outra. Quando o Espírito-Alma desperta, encontra-se em seu novo lar na Esfera Superior seguinte. Essa mudança dá-se sempre para uma vida melhor e superior. A única exceção é aquela de que não há nenhum corpo velho para sepultar-se ou para se decompor. Na medida em que o nosso Espírito-Alma progride de uma esfera para outra torna-se tão grande e universal que às vezes chegamos a pensar que ele extrapola e deve perder sua personalidade. Em virtude de que toda matéria astral deixa de existir no plano espiritual, funcionando ali somente o puro espírito, freqüentemente acreditamos que eles mudam sua individualidade para uma outra forma. Fiquei surpresa ao descobrir que minha suposição não era verdadeira.

            Minha experiência visual do ataque terrorista do dia 11 de Setembro de 2001 foi também uma lição imensamente interessante acerca das vítimas e dos terroristas em geral. Essa visão mostrou-me muitas das condições prevalecentes no pós-morte. Espero que, até aqui eu já tenha impresso em suas mentes que a separação do Espírito-Alma, separação da sua forma física, é um processo natural. Isto é verdade, mesmo quando a morte é inesperada e/ou violenta. Contudo, no caso de um impacto súbito como o que experimentei no ataque terrorista do dia 11 de Setembro, Jesus, em sua imensa misericórdia, desempenhou um grande papel no processo da morte de muitos.

            Em impactos súbitos, tais como choques, acidentes, catástrofes, síncopes cardíacas ou suicídios, o corpo espiritual inteiro e mais os corpos astral e mental, são lançados pelos impactos completamente livres do corpo físico. Nestes casos, todos os três átomos-semente são separados, destacados ou descarregados do corpo físico num átimo de segundo. Em qualquer morte violenta o Espírito-Alma de certo modo entra em choque. O sono profundo que aparenta descer sobre a consciência desses espíritos parece ser muito mais rápido – quase a velocidade da luz. Em virtude dessa rapidez não há sofrimento ou dor. A percepção é bloqueada da consciência até o Espírito-Alma ter sido completamente separado e conduzido a um estado de paz, antes da consciência retornar já do outro lado.

            Relativamente às vítimas do ataque terrorista de 11 de setembro, naquele dia aprendi que, enquanto o sair de um corpo velho acontecia sem dor, absolutamente horrível era retirar-se um espírito forte de um corpo sadio tendo-se que cortar literalmente os ligamentos de seus envoltórios, simplesmente porque é anti-natural. Em virtude desse tipo de morte ser antinatural a sensação que se segue à morte é terrível. Aprendi ainda que aquelas vítimas só poderiam progrdir através da morte, e que as vantagens pessoais no Além eram maiores que as do plano físico.

            Nesta visão, enquanto observava os arredores notei que não era dia nem noite. Eu não podia ver uma estrela ou um raio de luz, mas podia sentir que tudo a nossa volta era sombrio, era triste. Olhei cuidadosamente. Percebi então que as vítimas eram envolvidas por uma atmosfera escura com lampejos vermelhos que pareciam nos engolir com uma névoa espessa e pesada. Enquanto todos os corpos mortos esperavam em silêncio e medo, pareceu-me sentir seus pensamentos – “eu podia ouvi-los” pensar. Depois de algum tempo diversos anjos, rostos afáveis, aproximaram-se das vítimas, a quem relataram o ocorrido e trouxeram à realidade de sua situação. Sempre que um novo fato era relatado, a lei e as condições que o possibilitaram também eram explicadas. Somente após muitas explicações foi que cada vítima compreendeu que, na colisão de um avião contra as Torres Gêmeas da cidade de New York, seus Espíritos-Alma foram expulsos de seus corpos físicos.

            Eu podia compreender, quando cada vítima se dava conta de que havia deixado o mundo físico dos humanos porque, quando compreendia que na catástrofe havia saído da vida terrena, seu sofrimento ia além de palavras. A esta altura eu sentia o sofrimento que se abatia sobre eles ao saberem daquilo. Era a dor pela esposa, era a dor pelo marido, era a dor por suas criancinhas, assim como a pergunta: “Era necessária aquela desgraça, aquelas dores, e tanto sofrimento acontecidos no mundo físico?” Era também muito claro para mim que, do ponto de vista de algumas vítimas, o viver por mais ou menos alguns anos seria muito importante. Quando eles sabiam o que realmente havia acontecido, seu grande pesar os prendia e mantinha naquela condição e naquele ponto do espaço.

            Na morte violenta desse tipo, ela pode ser acompanhada por um choque momentâneo de alguma duração. Eu, especialmente, me recordo de ter visto uma mulher baixa e corpulenta, de olhos amendoados e um bem definido sorriso contagioso. Quando outras vítimas se aproximavam, ela comentava que era “perfeitamente esbelta”. Enquanto falava, ainda recordo, eu pensava em quanto ela me lembrava a esposa do filho do meu tio. A mulher não se dava conta de que sua forma física havia morrido e que, portanto, ela estava morta para o plano físico. Contudo, à vista do seu cadáver esmagado e rodeado por outros corpos mortos, finalmente convenceu-se em definitivo.

            O que aconteceu neste caso foi que, antes do avião colidir com as Torres Gêmeas, as glândulas endócrinas dessa mulher haviam secretado subitamente seus hormônios de transição. A secreção instantânea na corrente sanguínea causa uma suspensão temporária da consciência, e o choque da súbita projeção do corpo Astro-Mental da forma física não é registrada na mente. Conseqüentemente a misericórdia de Jesus entra em cena. O sono profundo da morte, que se segue não é mais do que um anestésico atuando no corpo. Esse anestésico impede por algum tempo o despertar consciente, bloqueando a percepção consciente do Espírito-Alma enquanto os corpos superiores e as forças espirituais são separadas, ou retiradas.

            Primeiramente, o átomo-semente do coração lançou na corrente sanguínea as imagens da aproximação da morte dela, daí as glândulas terem segregado seus hormônios de transição. Naquele momento os átomos-semente na forma física foram preparados por esses hormônios para saírem da forma física de modo que seguindo-se ao impacto, o corpo espiritual foi abruptamente separado do físico, e a mulher continuou com o seu último pensamento consciente como se não tivesse havido absolutamente nenhum impacto fatal.

            As vítimas permaneceram nesse estado por um grande lapso de tempo. Então diversos anjos, rostos afáveis, começaram a falar alto. Desta vez suas palavras não estavam impressas em um quadro mental, como antes. Agora era quase como se meus ouvidos estivessem gravando padrões específicos da fala humana. Eles diziam às vítimas que “suas mortes simplesmente lhes fizeram avançar uma esfera de vida; e que eles ainda eram seres vivos, agora habitantes do primeiro plano além da terra”. Após alguns outros comentários terminaram dizendo que “somente através da morte física poderia cada um progredir”.

            Notei através do contato que as vítimas não se moviam. Senti que elas só se alegravam quando os anjos lhes falavam. De algum modo a presença dos anjos, ou talvez suas próprias palavras, haviam aliviado as dores de cada vítima em particular. Uma vez que reaveram totalmente a consciência, elas foram capazes de se movimentar à vontade. Então a condição de escuridão pareceu aos meus olhos mudar assim como o nevoeiro se dissolve frente ao sol. Então um raio de luz que aumentava em brilho a cada instante tomou o seu lugar.

            Os terroristas pareciam estar juntos numa pilha de cadáveres. Quando contei os corpos, haviam dez. Entre eles estavam duas vítimas que participaram do mesmo grupo de terroristas. Vi que o grupo de corpos se encontrava no mesmo espaço real do cordão trançado de fios dourados. A posição deles, ou sua colocação entre os mesmos dois anjos, parecia indicar que seu destino final era também o mesmo lugar. Embora eles parecessem estar isolados das vítimas numa pilha de cadáveres, os anjos os juntaram da mesma maneira. Não fui capaz de ver, de sentir, ou de perceber qualquer tratamento diferenciado. Os anjos davam as boas vindas e tratavam os terroristas do mesmo modo amável e humilde que haviam dispensado às vítimas.

            Para os terroristas, a mesma aparência prevalecia substancialmente nas vítimas. E mais para os terroristas que morreram naquele dia as mesmas emanações pareciam estar produzindo um efeito diferente. Por mais intensa que fosse a sua tangibilidade, que era expressa pelo éter vermelho escuro em volta deles mesmos, de sua extensão vocês não fazem idéia.

            Quero relatar essa experiência porque ela me causou profunda impressão. Por um momento, a primeira diferença aparente foi a de que no íntimo dos terroristas não existia o estado de inconsciência. Eles não eram pensantes; vagavam quase como se não tivessem faculdades mentais.

            Ademais, ainda que eu pudesse perceber que eles sentiam o sofrimento da humanidade - os gemidos de uma mãe, o coração partido de uma esposa, os soluços de uma criança -, as sugestões mentais que eu captava parecia-me que ajudavam os terroristas a manterem-se com vitalidade ou vigor. Com aquela força eles pareciam satisfazer uma ambição descabida e que eu entendi como egoísmo brutal. Para mim, isso se apresentava como uma ambição que lhes dava o direito de defender uma nação ou a integridade de um país por ordem divina. Eu tinha a nítida impressão de que, embora soubessem que o resultado final seria sua morte física, eles tinham a chave de como interpretar essa morte física. E não era uma simples interpretação do que significava a morte física, mas sim uma compreensão mais profunda daquilo a que a morte de todos levaria. A realidade acerca deles é que não tinham medo. Para eles viver o momento presente não era coisa tão intensa quanto o era para as vítimas. No decorrer de tal experiência pude ver como eles se haviam livrado das garras do reino físico.

            Devido à minha formação cristã, eu esperava deles, ou talvez aguardasse, um vislumbre de remorso. Eu queria ouvir um terrorista, os anjos, ou alguém mais, dizer que eles lamentavam; gostaria de ouvir dizerem que algum bem resultaria disso, mas não ouvi ninguém. Logo depois, sobre eles ergueu-se uma nuvem dourada que se formou e se movia como se fosse dirigida. Quando me perguntei mentalmente disseram-me – ou tive a sensação de que me haviam dito – que os terroristas estavam concentrando seus pensamentos. E ainda mais: que aquilo que pairava sobre eles não emanava dos seus próprios pensamentos. Parece que estavam se comunicando com a Força Divina dentro deles.

            Os anjos de rostos afáveis também foram ter com os terroristas, como um raio de luz que se dilatava por momentos, e então ouvi as palavras de encorajamento que inundaram minha mente: “Nós somos ensinados sobre o amor de Deus tão logo nos capacitamos a aceitar as novas condições de vida após a morte. Ele não é o Deus abstrato que a maioria dos humanos sobre a terra conhece. Devemos reconhecer que Deus está no coração de todas as coisas. Ele é a única força que flui através de toda a criação. Vós não podeis conhecer verdadeiramente a si mesmos enquanto não entenderem que Deus é o único bem do qual podem extrair a Água da Vida. Não existe outra fonte quando formulamos este conceito mental de Deus”. Dei-me conta, então, de que somos ensinados a como absorver sua força, seu poder. Todavia, e até então, não somos deixados entregues a nós próprios em um mundo objetivo. Este pode parecer objetivo para nós, mas foi criado pela intangível mente de Deus, com sua vontade fluindo através de cada imagem de Sua criação e dando vida a tudo. Naquele momento também me dei conta de que os terroristas estavam aprendendo e compreendendo que nas três dimensões do nosso mundo físico, nossos cinco sentidos não justificam coisa pior que a cegueira. Por fim, eles saíram com a promessa de que ao chegarem do outro lado, todas as coisas, tais como obter conhecimento, iluminação e sabedoria, seriam propósitos seus. Então as palavras terminaram, e uma vez mais houve silêncio.

            Para mim está claro que as pessoas tomam no estado pós-morte o mesmo Espírito-Alma que tinham nesta vida, despido da carne externa. Todas as coisas são resolvidas. Nada é deixado ao acaso. Por meio da vista psíquica (“visão espiritual”) pude observá-los tão detida e acuradamente que chegavam a ser simplesmente tão reais para mim como se uma impressão houvesse atingido minha retina. Eu estava plena de satisfação, porquanto sabia que havia ocorrido alguma grande mudança. Deus havia retirado do íntimo dos terroristas tudo aquilo de que eles desejavam se livrar. Eles sentiam que algum poder lhes tinha concedido uma encantadora experiência, a qual, em certa medida, eles haviam imaginado, mas dificilmente ousado acreditar que pudesse ser possível. Parecia-me que os terroristas tinham efetuado uma longa viajem, e chegavam para uma casa de repouso. Sem sonhos para perturbar seu descanso, eles despertaram como um gigante revigorado. O que os trouxe ao maior de todos os conhecimentos foi que ganharam o que uma vez acreditaram haver perdido.

            Em minhas reflexões de hoje posso considerar o fato de que até o vento pode ser solidificado pois vento é atmosfera. Tudo no mundo é substância, e tudo é vida. Todas são uma e a mesma coisa pois a vida nunca existiu e nunca pode existir sem matéria. Para mim o cérebro, por exemplo, parece uma máquina delicada em permanente atividade. Nesta delicada máquina, quando um pensamento é formado e liberado, é através do movimento da matéria que ele nos alcança. Quando ele entra há uma consistência definida de matéria em movimento que o introduz no maquinismo do cérebro. Não somente podemos vê-lo entrar, mas, embora limitados, nós também podemos vê-lo emergir instruído para fazer o certo de uma maneira que não posso descrever. Se pudéssemos ver essa matéria entrar, poderíamos compreender a somo total do seu psiquismo. Isto é cognoscível à nossa visão pela perfeição da forma que existe em cada.

            Entre os dois grupos descritos acima, a obra das vítimas era a de edificar caráter. A grande lei que tornou isto possível e é a mais elevada para a raça humana é a influência da terra,  a qual justifica a ambos: vítimas e terroristas.

  

 

 

INTRODUÇÃO

 PARTE 1 - Introdução a Norte Física

PARTE III – Como Viver Aqui e Agora com Cristo

 

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