A DIVINA ESSÊNCIA SEMPRE ILUMINA A ESCURIDÃO

Conferência em Três Partes Sobre a Morte e o Morrer

Por

Alexandra B. Porter, Ph. D.

 

PARTE 1 - INTRODUÇÃO À MORTE FÍSICA

 

A razão que me levou a escolher este tópico é que fui aquinhoada com uma riqueza de informações que agora desejo compartilhar com todos vocês.  Há ocasiões em nossas vidas em que Deus percebe que aquilo que estamos perto de experimentar é mais do que aquilo que podemos suportar, e aí Ele nos estende a mão.  Durante esses momentos de tristeza profunda a Divina Essência d' Ele Ilumina sempre a Escuridão porque Ele derrama luz em nossas vidas dando-nos lucidez e entendimento.  Para muitos de nós, morte ou falecimento de um ser amado podem resultar em um desses momentos esclarecedores.  Uma das razões mais óbvias para isso é que ao longo de nossas vidas somos grandemente afetados pelo “desconhecido”. Em pessoas que não estudaram filosofia semelhante à nossa, e que freqüentemente são muito religiosas, sempre há um medo relativo à morte e ao morrer real.  Para a maioria das pessoas, o desconhecido sempre causa medo, e assim torna-se compreensível que, para essa maioria, tais perguntas estranhas relacionadas à morte física podem causar medo.   

 

            Vejamos pelo levantar das mãos, quantos de vocês já presenciaram a morte de alguém?   

 

            E que pergunta, ou perguntas, vocês formularam em suas mentes relativas à essa morte? 

 

            No meu tipo de trabalho, como uma profissional de saúde, descobri que as pessoas tendem a fazer-me as mesmas perguntas relativas à morte.  As seis perguntas mais comuns que abordam o fato da morte física e as revestem de incerteza e medo são as seguintes:  

 

            1. O indivíduo sofre? 

            2. Para onde vai a pessoa quando morre? 

            3. O indivíduo recebe a recompensa prometida? 

            4. O indivíduo ainda seria capaz de guiar crianças pelo caminho certo? 

            5. São rompidos todos os contatos com os seres amados? 

            6. E, afinal, como é a morte? 

 

            Para os que estão presentes hoje, e que pensam do mesmo modo, espero que até o fim desta conferência em três partes possamos responder algumas destas perguntas.  Portanto comecemos: 

 

            Todo indivíduo que, por suposto, é tido como normal e inteligente em nossa sociedade, tem um conceito próprio daquilo que é morte e morrer.  Talvez nenhum assunto seja mais rodeado de superstições e conceitos errôneos do que a morte, em geral.  Se hà uma coisa que este mundo deve saber, não sabe, e quer saber, é o processo em que e pelo qual um habitante deste plano de consciência deixa o corpo físico para se tornar um habitante do próximo plano, ou plano etérico.  Digo isto porque, em sua maior parte, a raça humana não se desenvolveu suficientemente para entender o que é a vida, ou a fonte de onde veio este átomo que se desenvolve por si mesmo.  

 

            Quantos de vocês já leram o “Conceito Rosacruz do Cosmo” de Max Heindel?   

 

            Bom!  Um número regular me diz que eu posso saltar algumas partes e, ainda assim, ser capaz de me seguir facilmente! 

 

            Bem, de acordo com este livro, do ponto de vista Rosacruz a morte nada mais é que a passagem  do  Espírito para uma esfera maior, ou um nascimento, nessa esfera, se preferem.  Ao terminar esta vida o Ego deve assimilar aquilo que experimentou, e para extrair o melhor de suas experiências ele inicia o processo da morte física.  Portanto, morte - como definido por Max Heindel - é a saída do Espírito -Alma individual (ou corpo etérico) da carne que ele interpenetrava.  O Espírito-Alma efetua esta transferência durante os primeiros três e meio dias após as mortes física e clínica.  E a morte não se completa antes de terminado este processo. 

 

            Creio que esta definição é simplista por natureza. Todavia, sei também que é totalmente impossível para um ser humano entender a mudança em que ocorre a morte, a menos que conceba que todo indivíduo possui um Espírito-Alma, forma composta de átomos etéricos que é simplesmente tanto matéria quanto o é a vestimenta cárnea visível e tangível.  Assim, pois, discutamos aqui alguns pontos relacionados.  

 

            Cientistas versados em Física me asseguram que toda vida desce para o átomo e, além disso, que tem corpo etérico. Sabemos, por exemplo, que cada átomo de cada grão de areia que forma  a praia oceânica; que cada semente e planta, e árvore, e cada molécula de terra que cobre a pedra estéril que forma o bloco de rocha; e que cada gota d’água que flui nas cascatas, têm um corpo etérico. Acreditamos ainda que a luz, a eletricidade e todas as modalidades de radiação são conduzidas pelo éter.

 

            Os cientistas também nos dizem que o éter requer para o crescimento um envoltório de matéria com vibração inferior à dele próprio, o mesmo que se dá com a semente plantada na terra, pois é nessa roupagem externa que ela cresce e alcança o máximo desenvolvimento. Portanto, baseados nessas descobertas científicas, sabemos agora que nenhuma vida pode existir no mundo físico se não tiver roupagem apropriada a esse propósito.

 

            Quando, pelo calor sentido do fogo, nossa roupagem externa é destruída; quando o corpo físico não mais retém a energia, ou vitalidade, o corpo etérico separa-se dele.  Em outras palavras, a energia ou corpo vital se escapa e passa para algum outro estado. Por outro lado, a roupagem externa, seus resíduos ou cinza, retornam à sua origem para serem finalmente aproveitados por outra forma de vida e isso até que, com o tempo, tenham sido tão refinados que possam dar continuidade ao processo por haverem se tornado etéricos. Portanto, a verdade é que, quando qualquer forma de vida separa seu corpo etérico de sua vestimenta externa, esse corpo vital não pode mais permanecer como habitante deste plano físico, e então ocorre o que chamamos de morte física.

 

            Da mesma maneira, o homem é parte de um espantoso conjunto, evoluído desde o éter de vida na massa. Segue-se daí que sobre a morte física nosso Espírito-Alma, libertado desta roupagem externa - nosso corpo denso -, torna-se habitante de um plano onde tudo é etérico. Em outras palavras, na mudança a que chamamos morte o indivíduo é refinado ao ponto de possuir individualidade. Permitam-me recordar-lhes nesta altura que, para os sentidos etéricos, inclusive o tato, todas as coisas são tangíveis, reais e naturais como o são na vida terrena...  Portanto, tendo isso em mente, prossigamos com o nosso “Espírito-Alma”. 

 

            Inclui-se em minha experiência, na minha vocação pessoal e profissional, que as pessoas se dão conta da própria morte iminente em fases, e esta consciência nos leva a morrer conscientes.  Morrer consciente é um processo mental ativo de consciência e preparação para a própria morte física da pessoa.  A palavra " morrendo " é usada para insinuar o dinâmico e individualizar o processo da transição física atual. No caso de uma doença terminal, morrer é um processo que freqüentemente acontece com o passar do tempo e o paciente, embora no processo real de morrer, ainda está vivo.  As metas de se dar conta da morte iminente, ou morrer consciente, é viver completamente até que a morte venha e dirija ou participe do processo de morte até a pessoa ficar à vontade para aceitar a ministração de outrem. 

 

            Um excelente exemplo deste fato é encontrado nas “Memórias de Monte Ecclesia”, sobre Max Heindel e a Fraternidade Rosacruz, que foram escritas por Augusta Foss Heindel. Vou ler desde a parte II desse livro, uma seção intitulada " A Transição de Max Heindel". 

 

            E a Sra. Heindel escreve: " A pergunta foi feita por amigos: ' Seria possível que Max Heindel estivesse ciente de sua morte tão próxima? ' Durante várias semanas antes dessa ocasião calculávamos a Ephemeris de 1920, e até aí havíamos dividido o trabalho: ele calculava as longitudes e a escritora calculava as declinações. Mas em certo momento Max Heindel pediu à autora que calculasse sozinha a  Ephemeris inteira. Uma noite ela lhe fez a pergunta, ' Querido, por que você quer que eu faça este trabalho sozinha? Você pensa em me deixar? ' Ele respondeu, ' Não, querida; Eu só queria poder dizer a todas as pessoas que você fez toda a Ephemeris sozinha. Eu quero que eles se orgulhem de você. ' Esta solicitação e os cuidadosos preparativos continuaram por várias semanas antes que ele fosse chamado e todos os seus papeis fossem cuidadosamente relacionados e arquivados.  

 

            Dois meses antes de morrer ele foi a San Diego para encontrar-se com seu advogado e falar-lhe sobre alguns documentos. Enquanto lá, e sem mencionar que desejava fazer aquilo, ele conseguiu todos os Direitos Autorais, bem como a  prataria que estava em seu nome, trasferidas por escritura de doação para a escritora (sua esposa). Isso foi, anos mais tarde, a salvação de Mount Ecclesia e da obra da Fraternidade Rosacruz. Quando seu testamento foi aberto, descobriu-se que o terreno havia sido comprado por ele antes da Fraternidade ser incorporada. Na Escritura ele havia declarado que mantinha aquele terreno como garantia para a Fraternidade, só que quando a escritura foi discutida e o testamento legitimado o juiz declarou que, como à época da emissão da escritura não houvesse ainda nenhuma Associação (ou pessoa jurídica) o terreno da Fraternidade passaria para a senhora Heindel como herdeira. O Testamento foi legitimado em 1919, e em 1920 a senhora Heindel transferiu por Escritura essas terras para a Fraternidade Rosacruz. Desse modo, hoje a Fraternidade é a proprietária legal de todos os cinqüenta acres que constituem a sede mundial (Mount Ecclesia)”

            Isto me leva à última das seis perguntas mais comuns que as pessoas fazem, e relativas à morte, qual seja: “Afinal, como é a morte?” para responder a essa pergunta, permitam-me começar por dizer que no reino físico os sinais e sintomas da aproximação física da morte são os seguintes:

1)     Os braços e pernas podem ficar frios ao toque, e o lado debaixo do corpo pode ficar mais escuro. Esses sintomas resultam da diminuição da circulação sanguínea. Para determinar se quanto tempo decorreu desde a ocorrência da morte:

                        A – a perna se divide em três partes, do tornozelo ao joelho.

                        B – começando com a rótula como uma quarta parte, o membro referente à coxa divide-se em seis partes, ou em dez ao todo para o membro inteiro.

                        C – se a primeira secção estiver mais fria do que a segunda pode-se admitir que o corpo foi morto há uma hora atrás.

                        D – se a segunda secção estiver mais fria do que a terceira o corpo terá sido morto há duas horas atrás, e assim por diante.

                        E – experiências levadas a efeito em temperaturas entre 40º graus e 80º graus F provaram apropriadamente serem corretas em mais de 100 exames.

            2) A pessoa poderá despender muito tempo dormindo durante o dia, de maneira que ás vezes pode ser difícil levantar-se. Isso resulta da lentidão do metabolismo corporal.

            3) A pessoa pode perder o controle da bexiga e dos intestinos, resultando isso em incontinência. Isto significa o vazamento involuntário e contínuo de urina e matéria fecal.

            4) A pessoa pode ter diminuída sua necessidade de alimento e bebida.

            5) Secreções bucais podem tornar-se mais abundantes e se acumularem no fundo da garganta, produzindo aquilo a que comumente se referem os profissionais da medicina como o “Estertor da Morte”. Isto resulta da diminuição do muco engolido e da incapacidade da pessoa de escarrar a saliva normal.

            6) A visão e audição da pessoa pode diminuir um pouco, sendo geralmente a audição o último sentido a ser perdido.

            7) A pessoa pode tornar-se inquieta, arrancando as roupas da cama e tendo visões de pessoas ou coisas. Isto resulta da diminuição de oxigênio no cérebro assim como da diminuição do metabolismo. Max Heindel, em seus escritos, explica coisas como esta que passo a citar:

“Portanto... era mencionado freqüentemente por atendentes que assistiram a morte de uma mãe cujos filhos haviam falecido alguns anos antes, que no momento de morrer ela teria visto esses filhos rodeando seu leito, e então exclamava: ‘O que! É Johnny! Como cresceu, que rapagão veio a ser! E assim por diante’. As pessoas em volta do leito provavelmente pensaram tratar-se de uma alucinação, mas não era, e é de notar-se que um certo fenômeno sempre acompanha essas visões, ou seja, quando uma pessoa morre então chega a escuridão, e ela sente essa escuridão descer sobre si. Muitas pessoas morrem sem ver novamente o Mundo Físico, o que significa a mudança de vibrações da nossa luz para as vibrações do mundo do desejo, e é semelhante à escuridão que se espalhou sobre a terra no momento da crucificação. Com outros acontece que a escuridão se levanta após um momento, e então a pessoa fica clarividente vendo tanto o mundo físico quanto o mundo do desejo, e aí, naturalmente, aparecem os seres amados que são atraídos pela morte iminente, que é um nascimento no mundo deles”.

            8) O padrão respiratório do indivíduo pode mudar durante o sono para um tipo irregular de respiração arrítmica . Neste tipo a princípio a respiração é lenta e superficial, aí ela aumenta em rapidez e profundidade até alcançar o máximo, então diminui gradativamente até chegar a períodos de 10 a 30 segundos sem respirar (apnea). Este padrão respiratório é chamado respiração Cheyne Stokes. Embora ocorra em certas doenças agudas do sistema nervoso central, coração, pulmões e em intoxicações, freqüentemente ela ocorre antes da morte.

            9) A morte física é descrita como a cessação dos processos fisiológicos que sustentam a vida: uma “passagem” ou “partida”; um “deixa que se vá desta”; ou “perda da vida”. Também tem sido definida como “um momento no tempo”, porque normalmente ela se acaba num piscar de olhos. Os sinais da morte clínica incluem:

                        A - nenhum sinal evidente ou disfarçado de respiração.

                        B -   nenhuma batida do coração. No estado da Califórnia dois simples eletrocardiogramas efetuados dentro do período de 24 horas é considerado um sinal definitivo de morte;

                        C – nenhuma reação do indivíduo a sacudidelas ou gritos;

                        D – perda de controle da bexiga e dos intestinos;

                        E – cílios levemente abertos com olhos fixos em algum ponto;

                        F – mandíbulas relaxadas e boca levemente aberta.

 

            Até aqui falei da morte física. Se vocês recordam, eu expliquei que a morte geralmente ocorre de modo gradual. Contudo, a consciência é centralizada por um pouco nas dimensões superiores antes de ocorrer a transição real. Uma vez que a consciência não está no cérebro, não há sofrimento. Se aquele que parte não está sob efeito de sedativos, é bem possível que no momento da transição real a consciência possa retornar momentaneamente e o Espírito-Alma que parte, ainda que esteja parcialmente separado do corpo, pode dar uma descrição das cenas e das pessoas que está vendo. Ou pode subitamente tornar-se consciente do que está acontecendo e dar um último adeus àqueles que estão ao seu lado.

            Quando a morte é iminente, é muito importante dar um adeus à pessoa que está morrendo. Quando um convidado vai embora nós o acompanhamos até a porta e lhe dizemos: “Boa viajem” –assim lhe damos o nosso adeus até ao próximo encontro. É bom saber fazer isto aos que estão partindo da vida terrena. Nessa ocasião, ou imediatamente após a morte, uma oração deve ser feita, se possível, entregando os corpos aos quatros poderosos Arcanjos do reino natural: Rafael, Miguel, Gabriel e Uriel. O ritual, tão simples quanto parece ser, envolve a forma mortal ou o moribundo, com a própria força num campo de desintegração. Quando esses poderosos arcanjos são invocados, tal cerimônia imediatamente circunda a forma com luz. Minha preferência pessoal é o “Pai Nosso” porque ele tende a produzir profunda paz.

            O que realmente acontece na morte, e no reino espiritual, é que a força do átomo-semente do indivíduo deixa o corpo, e todas as suas impressões são transferidas do corpo vital para o corpo de desejos, as quais formam então as bases da vida do homem ou da mulher no Purgatório e no Primeiro Céu. A lenta transferência dos átomos, a qual chamamos de “gravação dos átomos-semente”, é o processo normal da morte. Com a completa transferência, chega o momento marcado para a transição real. O tempo requerido para essa separação depende consideravelmente da potência eletromagnética armazenada no campo de força etérico. Quando essas forças eletromagnéticas se esgotam e os três átomos-semente se separam completamente, o corpo vital liberta do seu jugo o cordão prateado. Aí, quando o cordão se parte, o Espírito-Alma fica completamente livre.

            Por conseguinte, e em relação às seis perguntas mais comuns que me fazem com freqüência sobre a morte, desta vez eu é que gostaria de formular a pergunta: “O indivíduo sofre?”. Quero encerrar a primeira parte desta conferência sobre morte e morrer dizendo que toda mudança na natureza é bela e que a morte não é uma exceção à regra. A mudança chamada morte é simplesmente a libertação da nossa forma Espírito-Alma do corpo físico que compõe a vestimenta cárnea externa, e essa libertação é perfeitamente natural e indolor.

  

 

 

 INTRODUÇÃO

PARTE II – O Nascimento Espiritual

PARTE III – Como Viver Aqui e Agora com Cristo

 

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